aCena Recifense entrevista Mia J

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Hoje o aCena Recifense entrevista a drag queen, DJ e produtora cultural Mia J, “novo” nome que vem movimentando a cena recifense com seus projetos coletivos, além de performances e sets inesquecíveis nas maiores festas pop da cidade.

1. Como você descobriu a arte drag e o que te fez se apaixonar por essa expressão?

R: “Eu sou da geração Drag Race, mas bem no inicio, antes do boom do programa que tomou Recife por volta de 2014. Lembro de uma amiga, que hoje vocês conhecem como Holy Glory, me apresentar o reality na Netflix e eu viciar! Normalmente quando eu gosto de algo vou atras para saber mais e foi dessa forma que comecei a entender como funcionava a cena drag brasileira e a cena local, que nessa época eu não tinha muito contato por não sair tanto.”

2. Quando e como surgiu Mia J Boulevard?

R: “Mia J surgiu como uma ideia pré-pandemia, após eu me encantar por um rolê de amigos que se montavam a anos somente por diversão. Me senti acolhido lá para experimentar a arte drag mesmo com zero experiencia com maquiagem. Quando veio a pandemia criamos diversos eventos na Twitch para exibir nossas performances e clipes gravados em casa, e foi ai que percebi que eu estava botando pra fora vontades antigas que eu não tinha coragem de ter feito antes. Com o decorrer do tempo foi virando algo sério para mim e para mais algumas pessoas daquele círculo também, embora muito tenham continuado fazendo drag apenas para se divertir e está tudo bem! O importante é se expressar.”

3. E de que maneira você começou a atuar como uma drag DJ? Como tem sido levar a arte drag para esse âmbito da produção cultural?

R: “Eu SEMPRE amei musica. Quando comecei a frequentar festas noturnas, observava como os DJs faziam suas transições, suas experimentações… Era mais uma vontade adormecida e quando comecei a fazer drag pensei: ‘porque não?’ e fui estudar. Acredito que tocar como drag fortalece a todas as drags DJs. As vezes sinto, que com o passar dos anos, começaram a por em uma caixinha o que uma drag pode ou não fazer. Então ver uma drag ‘nova’ tocando em alguns espaços relembra o publico de se reconectar com todas as drags DJs incríveis que temos, além de abrir mais espaços nas festas para nossa atuação para além das perfomances.”

4. O que é a Haus of Drag? Como ela surgiu? O que ela significa para Mia J?

R: “O Haus é tudo pra mim! Quando falei desse rolê de amigos, me referia ao Haus. Um espaço com tanta gente talentosa fazendo arte apenas para si era algo inédito pra mim, além de ser um espaço realmente acolhedor, com várias casas dentro rs (eu sou da casa Boulevard). Hoje sinto que cresci com o Haus, mas também consegui fazer o Haus crescer comigo. Fico muito feliz de ver todas fazendo coisas novas nos termos delas e no ritmo delas, pois o único objetivo ali é celebrar o artista que existe dentro de cada um, independente de quanta experiencia você tenha. Conheçam o Haus Of Drags!”

5. Nos conte um pouco sobre o projeto Phenomena Drag. O que podemos esperar das próximas edições?

“O Phenomena Drag vem sendo debatido desde novembro e foi um longo processo até chegar ao que lançamos, mas tudo foi feito com muito amor e carinho de todas as drags e pessoas envolvidas. O Phenomena surgiu de um incomodo nosso sobre o que podemos fazer como drags atualmente diante de não enxergarmos espaços para isso. Então criamos o nosso próprio espaço, mas criando-o para que ele  não fosse só nosso, mais sim de todos! A primeira edição foi um sucesso, e sobre a próxima: esperem uma diversidade ainda maior no cast e outras formas de expressões artísticas! Vai ser mais uma tarde para aqueles que realmente apreciam a arte drag.”

6. Você vai se apresentar pela primeira vez fora de Pernambuco, no Rio de Janeiro, como parte dos eventos envolvendo a vinda da Lady Gaga ao Brasil. Qual a sensação de se apresentar fora e quais são as expectativas?

R: “Vai ser honra ir ao Rio de Janeiro me apresentar na Pink Flamingo! Esse ano estou realizando vários sonhos, o que para mim prova que valeu a pena fazer minha caminhada como drag de forma relativamente devagar, mas sempre evoluindo! O público pode esperar uma performance inédita, pois eu realmente estou com uma ideia que tem tudo a ver com a semana da Gaga no Brasil e comigo mesma. Espero que essa seja a primeira de muitas vezes!”

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