Produtor cultural e DJ, Sidade é conhecido por trazer ritmos e sonoridades africanas para as pistas recifenses!
O DESPERTAR PARA A MÚSICA
“Sempre fui uma pessoa apaixonada por festas, mas o meu principal interesse sempre foi ouvir música, especialmente ser surpreendido por sons diferentes do comum. Eu valorizava os rolês que me apresentavam algo novo musicalmente, pois percebia que, na maioria deles, tocavam sempre as mesmas músicas norte-americanas, enquanto os sons do continente africano que eu tinha conhecimento devido aos estudos geográficos, raramente a gente escutava. Acredito que é essencial compreender nossas raízes antes de se expor ao mundo, e foi com essa mentalidade que comecei a estudar profundamente e a levar a música como uma verdadeira carreira profissional. Estar no palco me traz uma felicidade genuína. Não é uma performance, como muitos pensam. Estou lá para me divertir junto com o público.”
“Amo o que faço, e quando se ama algo de verdade, é possível atravessar muitas barreiras com intensidade. É esse prazer que me mantém firme e atuante na música até hoje.“

UMA PISTA COMANDADA POR SIDADE
“Pense que você está ali num barco, navegando, e você é o capitão desse barco. Eu levo muito essa filosofia para a minha profissão, para que as coisas fluam de uma forma mais dinâmica e confortável. Coloco o conforto do público em primeiro lugar em toda essa trajetória. Consigo compreender a pista de imediato, pelas reações corporais, pela comunicação, pela troca de olhares, é uma questão de sensibilidade e de perceber o conforto do ambiente. Sei quando estou numa pista boa, quando estou conseguindo dominar, ou quando preciso criar interferências para fazer com que o público entre no meu barco.”
A PAIXÃO PELAS SONORIDADES AFRICANAS
“Eu fico muito mais confortável quando eu faço um set com as músicas de subvertente afro. Tanto do Afrobeat como do Afro House, Afropop, Afrobrasilidades e Kuduro. Acredito que existe uma importância, obviamente, em tocar esses ritmos: eu me coloco na linha de frente, quando se trata de combater o racismo através da música. Estar ali mostrando a música preta é essencial para que a gente possa quebrar diversos paradigmas. A música preta, vai estar sempre presente nos meus sets, independente do estilo sonoro que eu tocar. Eu busco sempre artistas pretos para estarem comigo dentro do meu repertório. Quando você acaba entrando em outros mundos, você percebe que a música de outros mundos são tão poderosas quanto as sonoridades norte-americanas, por exemplo. Tudo fica mais sensível, entende?”
UM DJ FORMADO EM CINEMA
“Eu acho que a minha formação em cinema e audiovisual influencia bastante quando penso nas sonoridades e na estética das apresentações. Não só nas escolhas de figurino, mas também na ambientação, dependendo do contexto em que estou inserido. Sempre tive uma atenção especial para as cores, sabe? A iluminação, por exemplo, é algo que considero essencial. A técnica sonora também é importantíssima. Eu acho que fazer com que as pessoas ouçam de uma forma limpa e clara permite que dancem mais, e se deixem levar pela vibe do momento. É claro que eu tenho muito ainda o que aprender, mas já percebo que consigo aplicar muitos desses conhecimentos de forma prática. Então eu acho que, de forma geral, o cinema acaba somando muito a minha atuação como DJ, tanto nos aspectos visuais quanto na construção do som.”

O EP “LABIRINTO REMIX”: Sidade se prepara para lançar seu primeiro EP, “Labirinto Remix”, em parceria com Coriscomusic, unindo timbres eletrônicos e instrumentos da cultura pernambucana. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025.
“Este é um EP baseado dentro do afro house, com instrumentos do nosso estado e da nossa região. Vai haver pífanos e muitas referências do afoxé e do maracatu dentro desse EP. Então, é um afro house que se mistura com o regionalismo. No total, até agora, temos cinco tracks prontas. A gente tá pensando em criar sete, talvez criar um álbum logo de cara e não ficar apenas no EP. Estamos trabalhando arduamente pra fazer isso acontecer. Eu tive a oportunidade de tocar uma das tracks, até pra gente ir entendendo qual é a resposta do público e eu posso te dizer… Eu já entendi que o público tá curtindo bastante!”
O PROJETO AFROTECH E O FUTURO DE SIDADE
“Durante a pandemia, tive a vantagem de começar a tocar com frequência em festas virtuais, o que me permitiu alcançar um público espalhado por diversas regiões do Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, utilizando plataformas como o Zoom. Esse formato de apresentação semanal me deu a chance de manter uma conexão constante com quem acompanhava, e, em parceria com o meu amigo Rodrigo Cavalcanti, criei a Afrotech: um evento que acontecia todas as quintas-feiras de forma virtual. Quando a pandemia começou a dar sinais de recuo, surgiu a oportunidade de realizar a primeira edição presencial da Afrotech no Rio de Janeiro, no final de 2021, um momento marcante de transição. A festa foi um sucesso, a rua ficou lotada e o evento se consolidou como um grande movimento. Desde então, venho cultivando o desejo de levar a Afrotech para Recife. Mas quero que isso aconteça com o devido cuidado e estrutura que o projeto merece, não de qualquer jeito, nem de qualquer forma.”
“Acredito muito nesse nome e no conceito que ele carrega. Por isso, tenho paciência e sigo me dedicando para concretizá-lo da melhor forma possível. Paralelamente, venho desenhando novos eventos, ainda sem título definido, e contando com o apoio de algumas pessoas para tirar uma nova proposta do papel ainda este ano. Não quero gerar expectativas em relação a datas, mas posso afirmar que estou produzindo algo com muito empenho, colaboração diária e esforço coletivo ao lado de diferentes pessoas que irão compor esse movimento.”