Artistas relembram a criação de duas ilustrações que carregam memória do 29M

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No dia 29 de maio, uma quinta-feira, o Recife relembra um episódio violento de 2021: a repressão policial a um protesto pacífico contra o governo federal, que resultou em detenções, feridos graves e traumas duradouros. Dois artistas pernambucanos transformaram essa indignação em arte: Wictor OUTRO criou Isto é uma bala de borracha e Lucas Faustino, Gigante é o povo. Ambas as obras atuam como registros e formas de resistência.

Wictor OUTRO produziu sua obra com tinta acrílica sobre papel, usando como pincel uma bala de borracha recolhida na Ponte Duarte Coelho. Lucas Faustino, artista multimídia do Cabo de Santo Agostinho, utilizou ilustração digital baseada em uma foto de Milena XX que mostra uma prisão durante o protesto; sua obra retrata uma figura humana gigante, subvertendo o poder estatal.

A violência do 29M causou comoção nacional. Wictor, que não estava no ato, criou a obra a partir de relatos de amigos e do impacto emocional do evento, ressignificando a bala como ferramenta de denúncia. Lucas, por sua vez, quis reescrever a narrativa, transformando o povo em protagonista e símbolo de força.

Ambos, com linguagens diferentes, reagiram artisticamente ao mesmo episódio. Wictor afirma que sua arte é uma forma de resistência diante do medo e da violência policial, enquanto Lucas critica a exclusão social e a repressão contínua na cidade.

Quatro anos depois, as obras ainda emocionam. Para Wictor, sua tela é um lembrete do poder da arte. Lucas acredita que sua imagem continua clamando por justiça.

Wictor Bernardo, o OUTRO, é jornalista e artista plástico de Olinda, com mais de 20 anos de trajetória no graffiti, ilustração e quadrinhos. Já Lucas Faustino, do Cabo de Santo Agostinho, é um artista multimídia cuja produção transita por diversas linguagens, propondo diálogos entre natureza, política e cotidiano. Seus trabalhos podem ser vistos nos perfis @wictorbernardo e @laemlusca.

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